Seguinte é esse: eu sou
professora, né? Hoje recebi uma porrada de mensagens (GRATA A TOD@S!). Carinho de tudo quanto é lado. É massa. Ainda que afastada da sala de aula, o ego fica
massageado quando uma criaturinha recente ou de outros carnavais se lembra de você.
Sobre ser professora, um caos em
minha cabeça. Não quero mais, embora saiba das saudades e dos méritos que esta
profissão me tatuou. Eu fui ser professora porque gostava de ler. E, em sala,
sempre gostei de pensar que havia um horizonte beeem além daquele quadro branco
ou negro. Porque o conteúdo mais importante NÃO É o do livro.
Eu acredito nessa utopia de
relações humanas mais justas; de conhecimento partilhado; de empoderamento das
classes populares; de intervenção social. Para que serve um aluno sem luz? São
estudantes os que tive ao meu lado, me chateando, me entediando, me
descontrolando e, acima de tudo, em um misto legítimo de paixão e indiferença, me desafiando a entender que nem toda gente é igual.
Estes meninos e meninas que
estudaram comigo me mostraram de duzentas mil formas o que é a diversidade
política-cultural-religiosa-sexual e, além disso, qual o papel da educação
formal nesse troço que chamamos sociedade.
Eu não acredito nessa escola que ou
adestra meninos para o ENEM ou mantém meninos recebendo a bolsa-família. Escola
tinha que ser sinônimo de pesquisa, tinha que permitir o acesso ao conhecimento
sistematizado e tinha que produzir conhecimento.
Não é possível que esses garot@s
saibam tanto de sexo, internet, política, música, preconceito, futebol,
sentimentos e que não consigam transformar isso tudo em uma reflexão/
intervenção sobre as opções do mercado de trabalho, a desigualdade social e
racial brasileira ou os prejuízos econômicos e ambientais do sistema
capitalista, por exemplo.
Lendo agora fica parecendo que
quero formar militantes esquerdistas. Mentira. Não quero formar ninguém e "esquerda partidária" eu já nem sei o que significa. Quero
informar, isso sim. E quero ser informada também. Saber quem são estes seres
que ora brilham de entusiasmo, ora afiam lâminas de descaso. É. É isso. E isso
vale tanto para os estudantes quanto para os professores, afinal, estou falando
é de criaturas que não seguem o script do nascer, crescer, reproduzir-se (ou
não!) e morrer. Gente cria, né? Além de crer, inventa. É por isso que ainda
estou (estamos?) aqui: caçando outras formas de estudar – pesquisar, aprender,
ler, discutir, odiar, amar – a vida.
Às minhas colegas e “colegos” de
profissão, um salve.
Aos dirigentes governamentais,
uma banana.
Aos estudantes (morro dizendo
isso, a-luno é sem luz!!!), um vínculo.
À sociedade, please, presta mais
atenção na escola, seja ela particular ou pública. Poucos professores e poucos
estudantes querem estar lá de verdade.