terça-feira, 27 de março de 2012

O bichinho Tamagotchi e o banheiro do INSS.




Essa semana lembrei do tamagotchi. Década de 90? 2000? Nem sei...só lembro que era uma obsessão.Tooooodo mundo tinha que ter esse animalzinho de estimação virtual, muito útil para exercer a nossa condição materna sem maiores preocupações. Eu nunca tive, ma slembro: as pessoas o alimentavam, colocavam-no pra dormir, davam-lhe banho, coisas bem loucas, porque tinha um lance dele reclamar da pouca atenção recebida. E, lógico, as pessoas ficavam na paranoia de não decepcionar o seu tamagotchi, carregando-o pra tudo qto era canto e, volta e meia, interrompendo as atividades para ver o que o bichinho "queria". É. Eu não tive tamagotchi mas, pra variar...srrs... conheço essa sensação do apego. Essa sensação de ser ligada a algo - que pode ser uma roupa, uma foto ou uma carta; a uma situação - um momento com os amigos, uma aula bem dada, aquele encontro especial, a tão falada "primeira vez"; ou ainda, a sensação de ser ligada a uma pessoa - alguém da família,um antigo ou atual namorado, um colega de trabalho, um professor. Em todas essas categorias caberia o adjetivo "marcante". Se passado um tempo, ainda há vínculo, é porque nos marcou de alguma maneira, né? Ok... e Cristóvaão Colombo descobriu a América e Pedro Álvares Cabral, o Brasil. Hoje estou cheia de obviedades. Cheia, no sentido de repleta, transbordando e cheia no sentido de "estar de saco cheio". Minhas não-novidades do dia dizem respeito exatamente a uns tamagotchis imaginários que não me faziam muito bem. Coloquei todos para passear. Aliás, para ser mais exata, dei um chute na bunda de cada um deles e disse: "Filho,vai cuidar de sua vida, porque a mamãe aqui já cansou de te criar, tá?". Bem..me senti o máximo ao fazer isso. Adulta até a última instância, mas..hj veio o luto. Porra. Juro que eu não contava com o luto pós-exclusão dos meus fantasminhas nada camaradas.Nunca tive um tamagotchi, nunca pari ninguém, não sabia que doia tanto largar o que se ama, ainda que esse amor lhe faça mal. Ainda que vc reconheça q tal situação é insustentável...dói, viu? E outra, passar pelo luto..é babado..risos. Babado por cima de babado!! Sabe o que é vc sentir um desejo enorme de estar com alguém e, ao mesmo tempo, um certeza enorme de que deve deixar esse alguém? (Eita, q hj sou msm a rainha do senso comum, perdoem-me, please!)Enfim, não estou falando de homem. Muito menos de mulher. Risos."A única palavra que me devora", Fagner..é aquela que o meu coração diz a respeito da minha profissão. Pô!! De novo? lá vem ela falr sobre "o ato de ser professora". Paciência, aê, gente, Este é um blog criaod por uma professora que está depressiva e..como eu vou dizer..com um certo medo da sala de aula. MEdo não seria a palvra correta. Estou enlutada. Embalei todas as minhas crenças e não coloquei na máquina de lavar, TOm Zé! Também não escondi embaixo do guarda-roupa. Escancarei tudo. Coloquei pra fora tudo o que me angustiava em relação à escola e (Acho) q, por isso, surtei um pouquinho. O caso é que a sensação do luto é muito interessante. Se, por um lado, lhe traz a presença devastadora da morte, por outro lado, lhe traz a leveza do desconhecido. É assim que estou me sentindo. Mortificada em vários aspectos. E, ao mesmo tempo, ouvindo novas vidinhas batendo em minhas janelas. Por enquanto, bem de leve, devo admitir. Quando estamso muito acostumados com uma situação antiga...suspiro..é difícil entender aquela situação d eum outro jeito ou, ainda, aceitar que ela não existe mais. Hoje, os milhões de tamagotchis abandonados por aí, além de quinquilharias sem nenhum valor, são símbolo. Testemunham algo que fomos, né? Um pedacinho da gente. tà. Ok. No caso de "ser professora"..um pedação! Risos. Eu senti bem isso na semana passada, quando fui ao INSS fazer a perícia médica.Eu tava bem. Primeiro eu preciso dizer isso. Apesar de todo terrorismo ("o povo é grosso", "eles são treinados para lhe desestabilizar", reze bastante, etc e tal), eu sabia que não estava ali forjando nada. Eu fui pedir afastamento médico porque realmente não me sinto em condições para estar em sala de aula. Isso tá muito bem resolvido em minha cabeça. Agora..uma coisa é uma coisa..outra coisa é outra coisa.Eu nunca pensei que fosse usar uma frase de faustão para explica rum sentimento meu, mas..sabe quando passa na cabeça o filme de sua vida? Risos. Passou, véi. Estava eu lá..esperando a médica me atender e dei de cara com essa imagem, aí.


Enfim.impossível não comentar! NO banheiro do INSS, a identificação do banheiro masculino é ...lacunada...O homem incompleto. O homem que perde um pouco de si- seja uma perna, seja um dente, seja um olho, seja o equilíbrio mental. O homem do INSS é o homem fragmentado. Em luto constante. Sabe o que ele faz todo dia? Arruma o quarto do filho que já morreu e..sim..chico..deixa eu te parafrasear pq eu te amo msms..ele fica no cais, esperando o barco q evita atracar. Assim eu me senti quando, em frente àquela médica fui rememorando o meu estado.Quando, em frente àquele moço no balcão, fui recebendo os papéis que murmuravam: "Constatação de incapacidade laborativa" . Eu lia, mas não via, sabe? Isso é o que eu sinto..porém...eu lembrei, droga. Lembrei de q dese q me entendo por gente ..sou professora!!!(Permitam-me, terceiro capítulo da novela "Obviedades ululantes"). Traduzindo...lembrei da minha formação acadêmica aé então..de minha militânci ano movimento estudantil...das questões raciais, q são minah segunda casa...do "pau" que eu dei pra conseguir fazer o mestrado indo toda semana para Salvador...de dias, meses e ano sde investimento financeiro, físico e emocional nesse negócio chamado educação...das muitas experiências e aprendizados ocorridos em sala de aula e/ou com os alunos...enfim..lembrei de como esta condição de professora -que hoje eu considero ter me adoecido e quero tratar como um tamagotchizinho que já me fez bem, mas que devo descartar - foi/é (eu canto em português errado, acho q o imperfeito não participa do passado..) essencial para o meu amadurecimento e para a minha constituição enquanto gente. É certo que qualquer profissão me proporcionaria amadurecimento, contudo...também é certo que sou mais gente porque tenho/tive a oportunidade d econviver com muitas pessoas e situações raras. A singularidade de tantos é o qeu foi costurando a minha singularida..sem dúvida. Sessão nostalgia, hein? FM, meai-noite, aquela voz do locutor q se esforça em fazer o tipo româmtico, repertório internacional...ò!"pópará!" Suspiro. Eu estou optando por isso. Por enquanto eu quero viver esse luto, me desapegar dessas coisas, mas...a cada dia me convenço: preciso fazer isso sem sofrimento...sem choro nem renger de dentes! Risos.Sendo assim, evoco Manuel Bandeira: EU NÃO QUERO MAIS SABER DO LUTO QUE NÃO SEJA LIBERTAÇÃO.Tenho dito.

terça-feira, 20 de março de 2012

“Eu só gosto de educação sexual...”


Sabe aqueles filmes que começam com a pessoa se descrevendo? A câmera enquadra alguns espaços que a traduzem – cômodos da casa que documentam os livros preferidos; um disco especial; algumas roupas cuidadosamente largadas pela cama; uma geral na geladeira ou despensa – e, ao fundo, apenas a voz da narradora: Bem, meu nome é Larissa Santos Pereira, tenho 31 anos, sou de Ipiaú, amo chocolate, fotografia, música e viagens e ...( a voz assume a hesitação da alma...) ...sou professora. É essa é a minha profissão. Professora. Fiz Letras e me especializei no trabalho com a disciplina Redação. Risos. Ler-escrever é a minha paixão! Eu poderia me imaginar um único dia sem estar em contato com a grafia viva? Para mim, a palavra “palavra” é toda vivinha e meu envolvimento com as pessoas é mediado por elas. Mais do que as pessoas, são as palavras que me encantam. Mesmo sem chave, Drummond, eu estou aqui, submersa no reino delas. Legal, né? Só tem um “porém”. Unzinho só, que é para não perder o costume de me contrariar. A adversativa, nesse caso, é oriunda de uma profunda crise profissional. Difícil falar disso. Confuso ainda, dentro de mim. Daniela Carvalho, uma amiga querida, surgiu esses dias com uma distinção interessante: “Estar encantada não é estar apaixonada. Uma coisa é diferente da outra”. Acho que ela quer hierarquizar os sentimentos, né? É sobre isso que eu tenho me perguntado quando penso em minha condição de professora. Perdi a paixão ou apenas estou desencantada? Sei não, mas acho que essa conceituação danielense é uma furada. Paixão e encanto tem tudo a ver. Perceber que, em algum aspecto, determinada aprendizagem foi libertadora para o aluno traz para mim uma emoção absurda. Eu encaro a minha profissão como uma possibilidade de revolução pessoal cotidiana. Putaquepariu! Quanta pretensão, hein? Risos. Explico-me: o conhecimento traz poder. Essa talvez seja a máxima mais simplória e mais complexa do mundo. Nem todo conhecimento traz poder, mas é inquestionável a sua possibilidade de mudança. Inquestionável. É por isso que está me doendo tanto ser professora. Onde estão as mudanças? Cadê o produto do meu trabalho? Afinal, para que serve uma escola hoje? Eu não quero trabalhar em uma escola que tenha como propósito aprovar o maior número possível de alunos no Vestibular. Simples assim. E ... (suspiro) não estou falando isso em relação às escolas específicas em que trabalho ou trabalhei. Apenas não gostaria ter que dizer para o meu aluno que ele deve estudar Redação porque essa é uma matéria importante no Vestibular, entende? Poxa, eu sei que o meu tecido epidérmico é todo forrado de utopias, mas...eu realmente queria poder trabalhar em um modelo de escola em que ler e escrever fossem considerados paixões. Devo estar pedindo demais. Devo ter assistido muita sessão da tarde na Rede Bobo de televisão. Enfim. Devo ser uma tola. Não estou aqui desconsiderando o papel que um curso universitário tem hoje para a vida profissional de qualquer indivíduo. Não estou defendendo que todos deveríamos virar hippies e sair por aí criando comunidades alternativas e pregando a paz e o amor. Não estou insinuando que a anarquia (oi, oi, garotos podres!!) seria/ terá sido o formato ideal. Autogestão? Eu quero, tão somente, uma escola em que o conhecimento seja o mais importante. Conhecer porque é bom, sabe? Conhecer porque esse ato cria condições para que eu seja mais gente, mais humana, mais solidária, mais cristã (na acepção que eu entendo do cristianismo, viu, possíveis fundamentalistas?). Quando escrevo isso aqui fico me sentindo ainda mais tola. Eu que falo tanto para os meus alunos da necessidade de se utilizar argumentos fundamentados estarei aqui sendo piegas? Poxa, então ela é uma mulher de 31 anos e ainda não entendeu o que é o capitalismo selvagem? Olha, eu tenho perguntas a perder de vista, mas uma pequenina certeza se aconchega em meu coração: mesmo tendo passado no vestibular e sendo responsável, cristã convicta, cidadã modelo e burguesa padrão (Renato Russo, eu já disse hoje que te amo?)... mesmo assim...eu não sou feliz nesse modelo de escola em que as coisas parecem cruelmente invertidas. E felicidade pareceu agora algo tão dispensável, tão pouco prático. Risos. Ah..então ela quer ser feliz! Pirou, né? Tanto a querer e ela se comportando como uma menininha interiorana. Será que também acredita em papai noel e em príncipe encantado? Olha...(suspiro²), tenho consciência das necessidades imediatas cotidianas e de que, depois dos 30, ninguém mais tenho direito a ser um ingênuo militante (é preciso se adaptar, né, Titãs?), mas não. A minha receita de sucesso não é o número de alunos que conseguem decorar o que vai cair em uma prova que – não é segredo para ninguém! – não prova que fulano é mais inteligente do que sicrano. Para mim, a evidência latente trazida pelo vestibular é a de que vivemos em uma sociedade totalmente desigual, em que o número de vagas é inferior ao número de candidatos. Apenas isso. Enfim, eu não sei ainda o que vai acontecer comigo, o que farei com essa autobiografia tão bonitinha e tão ordinária, mas... ou muda essa escola ou mudo eu. Sem mais, Meritíssimo.

P.S.:Ilustra linda,q chamo de "A cobra" do grande Sica.

Será a depressão um outro nome para as grandes saudades?


Saudades atravessando os poros. É essa a sensação. Transfusão de saudades a todo instante. Saudades no plural, grafadas com letras maiúsculas. De quê? Essa é a pergunta que não quer calar, meus senhores. Minhas saudades são múltiplas. Déjà vus se acotovelam impacientes diante de minha memória. É a saudade daquele dia, daquela viagem, daquele cheiro, daquele momento que parecia já esquecido mas – ô danado! – vai embora não. O meu pensamento emoldura sensações das mais variadas. Assisti ao documentário sobre Arnaldo Baptista. Loki. Louco? Qual é o fio que contorna a minha sanidade? Uma definição não sei de quem lá no documentário: é como se o mundo estivesse te atravessando. É isso o que sinto. Como se as partículas dos fatos cotidianos fossem bem maleáveis e o meu corpo todo furadinho, cheio de poros sequiosos do mundo. Eu não queria sentir tanto. Não. Mas..porra..não é a toa que sou a moça da Análise de Discurso(AD), né? Nunca vou me esquecer de Eni Orlandi lá naquele auditório apertadinho da UESB dizendo pra todo mundo: “...foi então que eu percebi...a AD trabalha com os sentidos...”. Risos. É isso. Trabalhar com os sentidos significa estar exposta a eles. Sentir os sentidos. Redundância, o caralho. As pessoas de câncer sentem demais? Alguns indivíduos nascem com tendência à melancolia/introspecção? Essas coisas advêm da genética? Esse é um comportamento típico de um tipo 4 no Eneagrama? Qual justificativa escolher para explicar essa eterna sensação de ausência que me totaliza? É uma fragmentação absurda sabe? Só a título de informação...acho que o tal do sujeito descentrado, existe mesmo, viu Pêcheux? Você está me ouvindo? Ironia das grandes, né? Mas a depressão não veio junto com a dita pós-modernidade. Eu sei disso. Não veio. E a minha depressão? Eu não sei qual a carta que a responde, qual dispositivo secretíssimo foi acionado para que ela fosse senhora da minha vida como está sendo agora. Eu não sei muitas coisas do mundo. Mas, se o conhecer sempre foi algo que me seduziu, o desafio em conhecer, nem se fala. É por isso que eu estou te avisando, Dona Depressão – eu não sei como você se entranhou em mim, mas, de uma coisa você pode ter certeza: pra brigar contigo, eu faço coro a Lirinha, recitando Ororubá: “Árvore dos Encantados, tenho medo, mas estou aqui. Aqui, mãe. Aqui, meu pai. Em cima do medo, coragem”.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre teias de aranha, peixes no mar e sala de aula.





Dia de faxina é sempre aquela coisa linda. Dia de limpeza, de botar tudo o que não presta pro espaço. Passei o final de semana tooodinho nessa vibe. Foi ótimo. Primeira grande faxina do ano. Oportunidade ímpar de arrumar, organizar, catalogar..as coisas da alma.Sim, pq digam o que disserem as feministas, não existe melhor momento para um auto-exílio (renato russo, i love you!) do que uma boa lavada de banheiro ou "varrição" de casa. Pois ontem eu estava nessa, pensando nos meus processos mentais, emocionais, corporais, sexuais, financeiros etc e tal, quando vejo essa cena aí de cima:poxa! Eu tinha deixado juntar teia de aranha na planta!!!! Que sacrilégio! Onde já se viu isso? É o cúmulo do abandono, né? Lóóógico q fiquei pensando na porrada de coisa dentro de mim q eu estava deixando abandonada, entregue às aranhas(Ok, sempre acho q esses textos tem um "q" de auto-ajuda, mas é inevitável). Lembrei de desejos adormecidos (aprender a dançar, aprender a nadar, aprender francês) e de telegramas nunca enviados, nem para Aracaju, muito menos para Alabama. Lembrei de me sentir mulher, para além da cabeça, tronco e membros. Ou melhor: lembrei das entranhas dessa cabeça, tronco e membros. Horrível imaginar tudo isso com teia de aranha, sabe? É assim que tava/tô me sentindo...Sem saber de pulso que pulsa ou de riso no coração. é. É assim mesmo. As coisas sem sentido, pererê, caixa de fósforo. Tristeza que vem lá do raio q o parta e se instala, bem felizinha dentro de mim.
Enfim..mais do que depressa, tirei as teias de aranha da plantinha e..bingo!!!..lembrei da visita a Porto de Galinhas.Poxa!! Que coisa absolutamente linda é a possibilidade de mergulhar e ver os peixinhos todos fofinhos te dizendo "vc não me pegaaa!!"". Nossa, surtei por completo com aquela água cristalina que me permitiu enxergar peixes sem aranhas e sem teias, beeeem libertos, bem ousados, cientes de uma admiração coletiva em torno deles, mas, nem por isso, metidos a nada. Aqueles peixes de Porto de Galinhas q eu conheci tem um aprofunda consciência de si. Eles vem, alimentam-se e saem... t-r-a-n-q-u-i-l-o-s. Essa me pareceu uma boa metáfora da vida, especialmente das relações amorosas e profissionais. Cazuza é lindo, mas ser sempre "exagerada, jogada aos seus pés" não faz bem a ninguém. Nem no namoro, casamento ou ficada. Nem no trabalho, emprego ou ocupação. Aqueles peixes é que são sábios. Põem limites no envolvimento. É como se dissessem:olha, eu te faço feliz, mas se tu me pega, sofremos eu e tu. Hum...Isso de ser responsável por quem cativas é bem pequeno príncipe, mas como não sou nenhuma candidata a miss tentando provar minha suposta intelectualidade, tenho todo o direito de ser piegas nas citações literárias, né?
E..e por falar piequice e breguice...Vinícius: "E por falar em saudade, por onde anda você?" Ok,ODEIO admitir isso, mas estou sentindo uma falta do caralho da sala de aula, dos meus alunos, das situações de aprendizagem, de sonhar e ver a porra do olho do menino brilhando qunado entendeu algo novo. Sim, a novidade vem da praia, com cheiro e rabo de sereia, hipnotizando a todo mundo...Eu estou fazendo um esforço enorme, uma verdadeira catequese para me desapaixonar da condição de professora e me convencer que não presto para isso, mas, mas, mas...eu gosto da novidade. Eu gosto do novo que a escola me oportuniza, mesmo mergulhada na sujeira desse sistema pobre de recursos e intenções.É isso. A maresia me chama. O canto da sereia. Mas, ó, por hora, tô resistindo..eu preciso de um tempo para descansar, achar as teias, jogá-las todas fora, ver novos peixinhos para só depois bater um papo com essa sereia da educação. Suspiro..na outra encarnação, vou negociar com Deus, eu quero vir é de flor ou gato, que ser gente dá trabalho demais...

sexta-feira, 9 de março de 2012

E o prontuário, como é?



Primeiro dia na psiquiatria pública. Cheiro de gente em primeira instância. Gente com cara de povo, como diz o poeta Affonso Romano de Sant'ana (Gracias, Daniela Galdino, por há muito ter me apresentado esse homem).Os desajustados. Os párias. Os doidos e os acompanhantes dos doidos se misturam. Tenho dificuldade em discernir:afinal, quem é o paciente, quem é o acompanhante? As pesssoas daqui são pessoas que não existem. Não estão nas propagandas ou comerciais. Não servem para vender condomínios, carro ou pasta de dente. São as pessoas que vestem a moda de anteontem. Ou melhor, vestem a não-moda. O cinto que nunca existiu. O sutiã de dois reais. Tudo é emblemático. tudo grita invisibilidade. Na parede, uma postagem de Millôr Fernandes ensina que "A única diferença entre a loucura e a saúde mental é que a primeira é mais comum". Uma contribuição de estudantes de Psicologia de alguma faculdade particular q estiveram por lá fazendo estágio, pelo o q entendi. Enquanto aguardo a minha vez de ser atendida, leio as frases e as pessoas."Porque na verdade, a gente é da saúde, só estamos suprindo a recepção por falta de funcionário"; "Jesus voltará em breve"; "Fala, fala, ela não morde não..."; "Espera aí que na hora a dra. chama." A descrição mais fiel desse quadro já foi feita por Castro Alves, em Navio Negreiro:"Um de raiva delira, outro enlouquece...Outro que de martírios embrutece, cantando, geme e ri!". Não é a toa q estes des-centrados de hj são tão parecidos com os desterrados de ontem.No fim de tudo ao meu lado chega um homem-menino (todos os loucos tem olhos de criança?) com uma camisa legendada "Viver com prazer". Sem mais rodeios, encara-me e desfere a seguinte lâmina: "Ei, me dá um real aí".

Identidade. Existe?





Amo essa foto.Primeiro porque estou sem cabelo e, sem sombra d edúvidas, me sinto mais bonita sem cabelo.Segundo por causa do sorriso escancarado, q dispensa comentários (eu ganho qquer concurso de maior boca/sorriso nas fotos!). Mas a foto aqui tem outro propósito. Eu venho pensando muito sobre a noção de identidade. E..se e q é possível..fora do contexto acadêmico. Afinal, essa q dizem ser eu, quem é? Nesses dias em que chutei o pau da barraca (Sim, Edir Macedo, seu "pare de sofrer" surtiu efeito horrores!) e resolvi pedir ajuda a todo mundo q eu conheço, o que mais ouço é: "Isso não combina com você" ou "Depressão?Logo você??". Alguns pegam pesado e dizem logo q não é coisa de Deus, me deixando ainda mais confusa (então tô pecando por sentir tanta angústia??!!), mas aí já é outro departamento. O que vem me inquietando mesmo é algo beeeeeem maniqueísta, fruto da minha formação cristã católica, com direito a colégio de freira e tudo mais! A questão é : o que me é permitido e o que me convém, estando sob o rótulo da depressão? Enfim...tudo é muito fruto da condição que o capitalismo nos impõe, né? Exemplo: posso estar afastada da sala de aula porque não tenho condições emocionais mas também posso me fantasiar de Eva no Carnaval de Olinda? Já sinto os tentáculos da "sociedade" cravados em mim: "Ah, curtir, ela pode, trabalhar não." Esse é mais um dos desafios cotidianos. Ter a coragem de dizer pras pessoas que preciso de um período sabático para redescobrir uma porção d ecoisa (inclusive e principalmente, minha sescolhas profissionais) e..não sentir culpa por isso.Naõ sentir q não estou produzindo.. Nossa..Qquer auto-ajuda perde pra isso aqui, né? Mas, relevem, é efeito do Rivotril . Ou do prozac, sei lá! Risos. O bom de tudo? Me faz MUITO bem escrever sobre essas questões. E, dentre outras coisas, tô me habituando a criar cabelo e a me reconhecer - me chamar como Larissa - de outros jeitos.

A depressão é ficção?



Esse foi outro grafite lindo do Recife. Fiquei pensando nele depois que me meu amigo Well Pires me perguntou em post no face se a depressão era metáfora ou não. Também ,quando Matheus Santana falou algo sobre a intensidade em viver. E, por fim, qdo minha amiga lindissima Michelle Mansur postou txt incrível de Ségio Vaz falando sobre sonhos, sorrisos e lágrimas.
O fato é que minhas ideias não morrem. msm. Eu sou habituada a criar personagens. A desdobrar meus sentimentos em mil. talvez pela necessidade de dar conta do "todo" que é a vida. Mas, olhando hoje, depois de um intenso calvário de incertezas(ok, ok..relevem o drama megalomaníaco)eu noto que NÃO PRECISO dar conta de tudo.Posso continuar a alimentar minhas ideias, posso continuar a ter crenças em um mundo menos desigual, mas..para isso..é importnate encontrar a medida. Equilíbrio é palavra de luxo no meu dicionário. Sempre gostei dessa coisa de 8 ou 80. Na verdade, sempre regi muito minha vida por isso. Mas, porém, todavia, contudo, entretanto...o desafio tá posto. Tarefa do dia: sofrer menos. Saber que o "Botox Day" (evento ocorrido em Itbna, conforme publicação d arevista "bellas") coexiste com tantas evidentes marcas de miséria social desta cidade DEFINITIVAMENTE não pode pirar minha cabeça.
Enfim, Well, a depressão existe conforme laudo médico; sim, Matheus, dosar o envolvimento é fundamental e..Mi..achei docaralho esse poema do Sergio Vaz. Tô cultivando minhas sementes e tentando sonhar com as mãos. Aprendendo, aos 31, que as ideias não precisam ser dilacerantes para que sejam ideias, É isso.

quinta-feira, 8 de março de 2012


Adoro os grafites das capitais. Essa frase do Recife Antigo achei massa demais, principalmente pela inquietação que a pergunta me traz. Dúvida ou verdade? O que mais me assusta?Digamos que esse seja o segundo momento depois do choque de me saber depressiva. Ok, então é isso. Toda a angústia, tristeza e impaciência decorrem da falta dA tal serotonina ou de altas situaçõe sde estresse (Valeu, Dr. Drauzio Varella, Dr. Alexandre, Dra.Tatiana!). Enfim!A melhor notícia é que meu estado emocional alterado NÃO era dengo, nem frescura, nem fragilidade exagerada. Orgânica. A minha questão era orgânica. Essa foi uma boa notícia, afinal o meu medo maior era me dizer frágil. A pergunta crucial foi feita por Dr. Alexandre: "em situaçõe scomo essa(stress,stress,stress!!!), cada corpo reage de uma forma. Você prefere que eu lhe diga que você está com câncer ou úlcera?" Putaquepariu. Foi vergonhoso me ouvir dizer que sim, q eu preferia, que não queria ser considerada "carta fora do baralho", q estar com depressão era quase como receber o certificado de inaptidão permanente para a vida. Nossa! Dr. Alexandre salvou minha vida ao fazer aquela pergunta..risos..

terça-feira, 6 de março de 2012

Sobre a sanidade

Eu preciso escrever. Essa é a certeza mais fecunda. Escrever para não enlouquecer. Devorar todos os livros não lidos e expurgar todos os demônios-anjos que me habitam...Então. Estar com depressão é quase uma chaga, quase um alento, quase um abismo. O primeiro momento é o do preconceito. Nããããããõ. Não quero ser frágil, não quero tomar remédio, não quero a inconstância. Quero ser o padrão, quero conseguir atingir todas as metas, produzir absurdamente para assinalar meu lugar neste mundo. Mas..caralho..nõa rolou..risos. Não rolou fazer de conta que o mundo não doia. Foi preciso me despir de tudo o que me fosse confortável e assumir essa condição filadaputa de gente rotulada. Sim. Eu estou depressiva. Tomo Prozacv e Rivotril. Vou à psicóloga e ao psiquiatra.Choro pra caramba e..principalmente..tenho vontade de ser sincera quando encontro as pessoas casualmente e elas me perguntam: e aí, tudo bem? É isso. Nesse espaço virtual quero ficar mais sã. Acho que nunca fui bem um modelo de sanidade. Risos. Mas, agora, precisando "praporra" do apoio das minhas pareceiras de Ipiaú e do mundo. O blog é pra isso. Pra tentar ser mais eu quase sã, porque sei que esse negócio de lucidez é complicado ao extremo, ora bolas!